terça-feira, 4 de dezembro de 2012

poeminha remorso


ando doida para escrever
mas o netbook está em coma 
e o android com crise epilética.

S. V.

sábado, 10 de novembro de 2012

Lembranças - Texto 1



Quando era pequena (uns sete ou oito anos) eu tinha duas amigas (coleguinhas, na verdade): Giulia e Isadora. Andávamos nós trés pela escola inteira, muito bonitinhas. Um dia, a Giulia brigou feio com a Isadora; criou seu próprio "grupo" e queria me incluir nele, queria que eu parasse de conversar com a Isadora por causa disso. A Isadora fez o mesmo e exigiu a mesma coisa.

O que eu fiz... Em uma parte do recreio eu andava com a Giulia e depois eu sumia! Pois, nessa hora, eu ia lá conversar pra caramba com a Isadora.

Lógico que "fui descoberta". A Giulia e a Isadora se "uniram" e me encurralaram. E falaram a frase mais egoísta que alguém pode falar em um relacionamento, seja de amizade, seja amoroso:


"Ou eu ou ela."

E adivinha quem eu escolhi?

...

Nenhuma.

...

Passei a dividir meu recreio com uma garotinha muito sincera e doce chamada Stefanie, que infelizmente nunca mais vi depois que me mudei. Ela não era rica, não tinha uma coleção de Barbies (talvez nem soubesse o que era uma até eu falar com ela), não ficava falando de garotos 'toda hora' (na verdade hora nenhuma), ela não tinha nem material escolar direito...

Mas sabia o que era diversão saudável e, o mais importante, ela nunca, nunca, NUNCA me machucou da forma que aquelas outras meninas me machucaram.




CONCLUSÃO: Não me encurrale. Há pessoas com um grande coração me oferecendo uma amizade sincera, gratuitamente.



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Lembranças - texto 1 de Selen Veane é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.
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domingo, 22 de julho de 2012

Sobre o dilema e a crítica


Você já viu uma criança chorar?
Doce, bala, pirulito. Maçã, laranja, chiclete.
Bicicleta, carrinho, revistinha, mangá.
Aquieta-se o ânimo pueril.

Vê aquela moça ali, à direita, vestido amarelo?
Como é tachada; a censura a reveste.
Atos passados em águas negras 
Sujaram sua face rosada.
Vê aquela moça? Chama-na infantil.

Como fazer tal criança crescer?
Pisem. Não é digna de nossa atenção.
Ignorem. Deixe descabelar-se de frustração.
Então, parte o ser íntegro, já antes estraçalhado,
Convicta do ser impuro em que se transformou.

Como fazer tal criança parar de chorar?
Suas lágrimas me doem, ardem como ferro incandescente.
Suas palavras tornaram-se amargam, de desesperam.
Seus olhos escureceram, me assustam.
Dou-te meu coração, minha esperança,
Minhas memórias, minhas lembranças,
Para que saia desse mundo adulto, de sombras impostas.

Viva conforme o ciclo, não pule as etapas.
E serás, então, uma mulher
Em um vestido amarelo.



[S. V.]


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Esforço



Estou muito cansada.
De pensar no que penso há muitos anos.
De sofrer internamente pelos mesmos problemas. 
De descobrir novos problemas e temer por eles também.
De ser cativa, quando não há responsabilidade de quem me toma.
De me preocupar pelo próximo, quando esqueço de mim.

Cansei.

De gritar mudamente, de apelar.
De querer que alguém lesse meus olhos e enxergasse meu coração.
De tentar entender.
Dos prós e contras.
Da minha mente conturbada.
Da tempestade.

De tentar unir o eu e o você.
De falar pelas entrelinhas o que eu nunca falaria.
E de repente...
voltar ao início solitário de sempre.




[S. V.]


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sábado, 21 de abril de 2012

Livro de Sonetos - Vinicius de Moraes

Há cerca de três dias (re)comecei a ler o Livro de Sonetos de Vinicius de Moraes.
Em 2002 meu pai me deu a coleção Antologia Poética (editora Companhia das Letras), novíssima, mas cuja compilação data de 1996. 
Porque reler?
Por que é Vinicius.
A primeira edição de Sonetos foi compilada pelo próprio autor, em 1957, e lançada pela Editora Portugal. Contava com 84 páginas e 35 poemas, todos eles (como informa o título) sonetos, uma das marcas que consagraria Vinicius ao longo de sua carreira.
Dez anos mais tarde, ele acrescenta vinte e cinco poemas à nova edição, todos inéditos. 
A pergunta que chama a atenção é: porque um poeta da segunda geração do modernismo consegue, até o dia de hoje, cativar leitores com sonetos?
Primeiramente, vamos relembrar a história dos sonetos.
Do italiano sonetto, a palavra significava pequena canção ou pequeno som (literalmente) e foi criado no século XIII, na Sicília, onde era cantado na corte de Frederico II. O número de linhas e a disposição de Rimas permaneceu variável até que o poeta Guittone D'Arezzo tornou-se o primeiro a adotar e aderir, definitivamente, à forma de demonstrar uma emoção, sentimento ou idéia, o soneto.
Dante Alighiere, autor consagrado de A Divina Comédia (e também seguidor de Guittone), também compunha sonetos já em sua infância. É possível observa-los na obra Vita Nova, no qual fala de seu amor impossível por Beatriz (provavelmente Beatrice Portinari).
Anos se passam, até que os sonetos se imortalizam definitivamente nas mãos de William Shakespeare e Luis de Camões, que dão aos sonetos os toques necessários para que ganhem importância mundial.
Outros nomes podem ser associados à métrica tão famosa: Charles Baudelaire, Aleksadr Pushki, os brasileiros Gregório de Mattos, Claudio Manuel da Costa, Tomás Antonio Gonzaga (quem não se lembra de ter lido em algum lugar o famoso Marília de Dirceu: "A minha amada / é mais formosa / que branco lírio, / dobrada rosa, / que o cinamomo, / quando matiza / co'a folha a flor"), Cruz e Souza, Alphonsus de Guimaraes, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, entre muitos outros. 
A pergunta que fiz inicialmente foi na verdade para contar essa "breve" história do soneto. Passando pelo século XIII, onde expressões rebuscadas traziam sob seus significados aspectos sentimentais importantes para o entendimento do soneto (e ao mesmo tempo, caso o leitor seja observador, aspectos fonéticos que traziam compreensão apenas quando falados). 
Talvez seja nesse aspecto, da linguagem rebuscada, do entendimento, do "falar", "fonético", que alguns leitores se percam e não gostem de poemas (e esquecem-se que suas músicas favoritas sejam métricas acertadas, com jogos de rimas e acerto lineares). Durante os estudos no Ensino Médio sobre o Parnasianismo, há sempre um certo enjôo perceptível e uma interpretação exigente. Eu e minhas amigas nunca fomos aversas à leitura, por isso eu creio que não tenhamos tido esse "sintoma anticultural". 
Ao se tratar do Modernismo, principalmente de sua 2a fase, a história é outra. E nesse momento volto a discutir Vinicius de Moraes.
Com uma linguagem mais simples, cotidiana, sensual e, por vezes, carregada de erotismo, Vinicius mostra que a vida pode girar em torno de um eixo sublime: do querer, do ser, do homem, do pai, do amor e a poesia.
Como resenhar um livro de poemas? Certo é que eu ainda sou nova nessa jornada recente. Mas como expliquei no início, Vinicius de Moraes não é leitura nova em minha vida. E seus sonetos não podem ser resenhados ou explicados. Podem ser lidos e sentidos. 
Como quando se lê "Soneto de Fidelidade" pela primeira vez e as memórias de tê-lo escrito em alguma folha separada, pensando em alguém virem à tona. Ou, aos sortudos de terem-no recebido algum dia, saber que houve uma alma apaixonada e amorosa o suficiente para ler sonetos e se lembrar de você. Um culto à cultura.

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar emu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

(Estoril, outubro de 1939)

Ou àqueles que sentem que o amor é como o explicitado em "Soneto do Amor Maior". O mais difícil foi chegar ao ser amado, agora é mantê-lo perto de si; a dependência tão sóbria e a contradição tão explanada chega a irritar. E perceber que o poeta, ébrio que sempre foi, seja de amor, seja de solidão, seja conduzido por algum elemento externo, tem razão em seu raciocínio ao explicar uma batalha interna que existe dentro dos amantes. 

Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.

E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.

Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer ― e vive a esmo

Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.

(Oxford, 1938)

Em meio aos reencontros, "Soneto de Véspera" explica a relação serena dos enamorados que, por momentos, vivem dúvidas particulares. Devo afirmar que durante a leitura fiz viagens miraculosas, deixei a imaginação me levar. Nem sei porquê. Aqui, Vinicius tocou na ferida.

Quando chegares e eu te vir chorando
De tanto esperar, que te direi?
E da angústia de amar-te, te esperando
Reencontrada, como te amarei?

Que beijo teu de lágrima terei
Para esquecer o que vivi lembrando 
E que farei da antiga mágoa quando
Não puder te dizer por que chorei?

Como ocultar a sombra em mim suspensa
Pelo martírio da memória imensa
Que a distância criou ― fria de vida

Imagem tua que eu compus serena
Atenta ao meu apelo e à minha pena
E que quisera nunca mais perdida...

(Oxford, 1939)

Livro de Sonetos é uma obra de descobrimento interior, onde podemos nos desvencilhar da rotina e nos aprofundar para encontrar o amante ardoroso que há dentro de cada um de nós.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Trecho de "O Pequeno Príncipe"


O pequeno príncipe atravessou o deserto e encontrou apenas uma flor. Uma flor de três pétalas, uma florzinha insignificante...


- Bom dia - disse o príncipe.



- Bom dia - disse a flor.


- Onde estão os homens? - Perguntou ele educadamente.

A flor, um dia, vira passar uma caravana:

- Os homens? Creio que existem seis ou sete. Vi-os faz muito tempo. Mas não se pode nunca saber onde se encontram. O vento os leva. Eles não têm raízes. Eles não gostam das raízes.


-Adeus - disse o principezinho.


-Adeus - disse a flor.

O pequeno príncipe escalou uma grande montanha. As únicas montanhas que conhecera eram os três vulcões que batiam no joelho. O vulcão extinto servia-lhe de tamborete. "De uma montanha tão alta como esta", pensava ele, "verei todo o planeta e todos os homens..." Mas só viu pedras pontudas, como agulhas.

- Bom dia! - disse ele ao léu.

- Bom dia... bom dia... bom dia... - respondeu o eco.

- Quem és tu? - perguntou o principezinho.

- Quem és tu... quem és tu... quem és tu... - respondeu o eco.

- Sejam meus amigos, eu estou só... - disse ele.

- Estou só... estou só... estou só... - respondeu o eco.

"Que planeta engraçado!", pensou então. "É completamente seco, pontudo e salgado. E os homens não têm imaginação. Repetem o que a gente diz... No meu planeta eu tinha uma flor; e era sempre ela que falava primeiro."

Mas aconteceu que o pequeno príncipe, tendo andado muito tempo pelas areias, pelas rochas e pela neve, descobriu, enfim, uma estrada. E as estradas vão todas em direção aos homens.

- Bom dia! - disse ele.

Era um jardim cheio de rosas.

- Bom dia! - disseram as rosas.

Ele as contemplou. Eram todas iguais à sua flor.

- Quem sois? - perguntou ele espantado.

- Somos as rosas - responderam elas.

- Ah! - exclamou o principezinho...

E ele se sentiu profundamente infeliz. Sua flor lhe havia dito que ele era a única de sua espécie em todo o Universo. E eis que havia cinco mil, iguaizinhas, num só jardim!

"Ela teria se envergonhado", pensou ele, "se visse isto... Começaria a tossir, simularia morrer, para escapar ao ridículo. E eu seria obrigado a fingir que cuidava dela; porque senão, só para me humilhar, ela seria bem capaz de morrer de verdade..."

Depois, refletiu ainda: "Eu me julgava rico por ter uma flor única, e possuo apenas uma rosa comum. Uma rosa e três vulcões que não passam do meu joelho, estando um, talvez, extinto para sempre. Isso não faz de mim um príncipe muito poderoso..."

E, deitado na relva, ele chorou.

E foi então que apareceu a raposa:

- Bom dia - disse a raposa.

- Bom dia - respondeu educadamente o pequeno príncipe, olhando a sua volta, nada viu.

- Eu estou aqui - disse a voz, debaixo da macieira...

- Quem és tu? - Perguntou o principezinho. - Tu és bem bonita...

- Sou uma raposa - disse a raposa.

- Vem brincar comigo - propôs ele. - Estou tão triste...

-Eu não posso brincar contigo - disse a raposa. - Não me cativaram ainda.

- Ah! Desculpa - disse o principezinho.

Mas, após refletir, acrescentou:

- Que quer dizer "cativar"?

- Tu não és daqui - disse a raposa. - Que procuras?

- Procuro os homens - disse o pequeno príncipe. - Que quer dizer "cativar"?

- Os homens - disse a raposa - têm fuzis e caçam. É assustador! Criam galinhas também. É a única coisa que fazem de interessante. Tu procuras galinhas?

- Não - disse o príncipe. - Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?

- É algo quase sempre esquecido - disse a raposa. Significa "criar laços"...

- Criar laços?

- Exatamente - disse a raposa. - Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...

- Começo a compreender - disse o pequeno príncipe. - Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...

- É possível - disse a raposa. - Vê-se tanta coisa na Terra...

- Oh! Não foi na Terra - disse o principezinho.

- A raposa pareceu intrigada:

- Num outro planeta?

- Sim.

- Há caçadores nesse planeta?

- Não.

- Que bom! E galinhas?

- Também não.

- Nada é perfeito - suspirou a raposa.

Mas a raposa voltou à sua idéia.

- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste. Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o
barulho do vento no trigo...

A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:

- Por favor... cativa-me - disse ela.

- Bem quisera - disse o principezinho - mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.

- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!

- Que é preciso fazer? - perguntou o principezinho.

- É preciso ser paciente - respondeu a raposa. - Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...

No dia seguinte o principezinho voltou.

- Teria sido melhor voltares à mesma hora - disse a raposa. - Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos.

- Que é um rito? - perguntou o principezinho.

- É uma coisa muito esquecida também - disse a raposa - É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias!

Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:

- Ah! Eu vou chorar.

- A culpa é tua - disse o principezinho - Eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...

- Quis - disse a raposa.

- Mas tu vais chorar! - disse o principezinho.

- Vou - disse a raposa.

- Então, não sais lucrando nada!

- Eu lucro - disse a raposa - por causa da cor do trigo.

Depois ela acrescentou:

- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.

Foi o principezinho rever as rosas:

- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela é agora única no mundo.

E as rosas estavam desapontadas.


- Sois belas, mas vazias - disse ele ainda - Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.

E voltou, então, à raposa:

- Adeus, disse ele...

- Adeus - disse a raposa - Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.

- O essencial é invisível para os olhos - repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.

- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... - repetiu o principezinho, a fim de se

lembrar.

- Os homens esqueceram essa verdade - disse a raposa - Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável

pela rosa...

- Eu sou responsável pela minha rosa... - repetiu o principezinho, a fim de se

lembrar.








segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Mensagem de uma escola da Califórnia


Recebi este e-mail hoje pela manhã e achei interessante disponibilizá-lo. Um abraço!

Esta é a mensagem que os professores de uma escola da Califórnia decidiram
gravar na secretária eletrônica.
A escola cobra responsabilidade dos alunos e dos pais perante as faltas e
trabalhos de casa e, por isso, ela e os professores estão sendo
processados por pais que querem que seus filhos sejam aprovados mesmo com
muitas faltas e sem fazer os trabalhos escolares.

Eis a mensagem gravada:

"- Olá! Para que possamos ajudá-lo, por favor, ouça todas as opções:
- Para mentir sobre o motivo das faltas do seu filho - tecle 1.
- Para dar uma desculpa por seu filho não ter feito o trabalho de casa -
tecle 2.
- Para se queixar sobre o que nós fazemos - tecle 3.
- Para insultar os professores - tecle 4.
- Para saber por que não foi informado sobre o que consta no boletim do
seu filho ou em diversos documentos que lhe enviamos - tecle 5.
- Se quiser que criemos o seu filho - tecle 6.
- Se quiser agarrar, esbofetear ou agredir alguém - tecle 7.
- Para pedir um professor novo pela terceira vez este ano - tecle 8.
- Para se queixar do transporte escolar - tecle 9.
- Para se queixar da alimentação fornecida pela escola - tecle 0.
- Mas se você já compreendeu que este é um mundo real e que seu filho deve
ser responsabilizado pelo próprio comportamento, pelo seu trabalho na
aula, pelas tarefas de casa, e que a culpa da falta de esforço do seu
filho não é culpa do professor, desligue e tenha um bom dia!"

domingo, 8 de janeiro de 2012

Pensamentos I

Essa semana foi bem corrida, nem a vi passar. E andei fazendo algumas coisas estranhas aqui, nem sei porquê... culminaram em decisões dos meus pais que eu evitasse a cozinha. hahaha!

Bom, por um ponto. Adoro cozinhar! Mas é difícil ver o rostinho bonitinho de minha irmãzinha tão enfezadinho. Uau, quantos diminutivos.

Depois de anos escutando a maioria dos derivados de rock e punk, dance music, rap, e outras coisas (exceto funk e axé, erg!), resolvi aumentar o percentual de música clássica em minhas playlists.

Comecei por Bach, supertranquilo. Depois fui para os noturnos de Chopin; depois passei por Smetana. E agora estou em meu autor favorito: Rimsky Korsakov. Minha obra favorita de Korsakov é "As Mil e Uma Noites". Ela se estrutura num tema central: um solo de violino excitantemente exótico.

Amanhã, segunda, tenho alguns planos. Preciso dar uma olhadinha no centro e fazer algumas compras. Será a segunda vez que vou até lá desde novembro... Adoro caminhar e moro perto do centro. Às vezes ao subir a escada começo a sentir dores e lembro que já faz muito tempo que não caminho... eu ia ao cursinho a pé. Por isso meu corpo começa a ficar estranho.

Bem, vou deixando essas anotações por aqui. Preciso ler "Como Água para Chocolate". Então...

Inté!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Descanse em paz, Penny


24/11/1946 — 31/12/2011

Sou uma participante ativa do Grupo Romances Sobrenaturais (GRS), mas com todo esse fervor Natal/Ano Novo, fiquei sem poder conferir meus e-mails. Sem falar que precisei ajudar Mamuska com umas coisitas (primeiro foi fazer laços em 100 vestidos, depois foi passar 100 ternos e agora será arrematar outros 100 vestidos; as encomendas estão cada vez maiores!).

Então, quando fui lá no Gmail, me deparei com uma mensagem dizendo algo terrível... que a mestra Penny Jordan faleceu no dia 31 de dezembro, vitimada de câncer. 

Penny Halsall, nascida Penelope Jones (Preston, Lancashire, Inglaterra) é também conhecida por vários pseudônimos: Caroline Courtney, Melinda Wright, Lydia Hitchcock, Penny Jordan e Annie Groves. Tornou-se uma das maiores escritoras inglesas de ficção romântica da atualidade... 

Penny marcou muito minha leitura, disso tenho certeza. Leio romances desde 2005, às vezes escondido, às vezes descaradamente. Minhas leituras são como as músicas que ouvi durante um bom tempo: não presto atenção ao título.

Mas lembro-me com muita exatidão de seus sheiks e suas mocinhas independentes, correndo de casamentos arranjados. Sim, porque quando fala-se em sheiks, logo pensamos “Alexandra Sellers”, mas não eu. Eu sou diferente das demais; penso em Penny e sua gama de mulheres feministas, algumas nem tanto, mas com tendências a escolher o homem certo (no momento errado) para amar.

Meu livro favorito dela é “Um Conto Árabe”, da série “Sheikh’s Arabian Night” (cujo título só vim a lembrar hoje, mas me lembro do casal) e faz parte de uma época em que eu achava bem divertido ler livros de sheiks; até que tudo ficou um pouco turvo. 

"Petra foi prometida pelo avô ao rico e cobiçado sheik Rashid. Mas a intenção dela é evitar a qualquer custo o casamento, nem que seja preciso prejudicar sua própria reputação para que o sheik não a aceite como esposa. Petra, então, pede ajuda a Blaize, um homem extremamente charmoso e atraente que está hospedado no mesmo hotel que ela. Blaize concorda em fingir que é namorado de Petra e, com isso, ajudá-la a manter o sheik Rashid a distância e a livrar-se de um casamento indesejado. Mas a situação se complica quando Petra não resiste aos encantos masculinos de Blaize e se entrega a ele...para logo fazer uma descoberta surpreendente..."

Veja aqui a lista dos livros da autora, no Skoob.

Obrigada, Penny, por nos deixar um legado tão lindo e especial. Sentiremos falta de suas histórias, de seus sheiks, de seus gregos, dos príncipes, de suas mocinhas (ou não), daquelas personagens apaziguadoras e conselheiras e também dos vilões e parentes que acham que o amor não existe e que o casamento é o mero contrato.

Mas, principalmente, de suas palavras.

Requiescat in pace, Penny.


quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Epitáfio


"Blond and brunette", Charles Burton Barber - 1879

A essas pequenas criaturinhas que, incapazes de se defender, tornaram-se vítimas de seus próprios donos.
Aos que amam seus bichinhos e aos que pretendem ter.
Àqueles que não possuem e nem pretendem ter um, mas que respeitam esses seres como um igual.
A todos que superaram suas dificuldades e receios com algumas lambidas de seu querido cão/gato.
Àqueles que aprenderam a amar com tal simplicidade.

Aqui fica minha singela homenagem.